sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Judaísmo

Na Torah, bíblia judaica, com significado de orientação instrução, a partir do Gênesis “os judeus veem um propósito e um desígnio no trabalho divino de criar o mundo e colocar os homens dentro dele. ‘Deus viu tudo o que tinha feito: e era muito bom’” (FONAPER, 2000a, p. 22). No Gênesis também é mostrado que a paz e a harmonia foram afastadas. Na Torah é descrito o êxito dos israelitas do Egito. Ela se constitui de leis para um pacto com Deus, fundada no monoteísmo e um código ético rígido (Ibid., p. 23). Já a Tonach inclui a Torah e outros inscritos.
As escrituras do judaísmo configuram 3500 anos de atividade espiritual, ainda que não haja credo específico. Além da Torah ou Pentateuco que são os cinco primeiros livros da Bíblia, o Talmud é obra importante para os Judeus. Neste estão o Mishná que são as leis orais e o Gemará, são comentários das leis feitos pelos Rabinos (Ibid., p. 23).
O Judaísmo fundamenta-se na “crença do Deus vivo, transcendente, onipotente e justo, e que se revela à humanidade.” Isso leva à fraternidade entre os homens e a obrigação ética de prática da justiça, da misericórdia e “caminhar humilde no caminho de Deus”. O sistema de leis rituais e as normas alimentares são considerados sagrados para toda a vida cotidiana. Há observância do Shabat – da tarde da sexta-feira à tarde do sábado – em que é celebrado com rezas e leituras na sinagoga. As festas judaicas são a Páscoa, o Pentecostes, o Ano Novo, o Dia do Perdão e a festa dos Tabernáculos (Ibid., p. 23).
Seitas e movimentos, como os saduceus e os fariseus surgem no início da era cristã.
No século XII, Maimônides tentou relacionar o Judaísmo com a filosofia ocidental, particularmente com a aristotélica. Com Moshe Mendelssohn, iluminista do século XVIII, e como o hassidismo, que prega a misericórdia e o misticismo, ao lado dos ortodoxos, que defendem a adesão rígida à Torá, os reformadores dentro da tradição de Mendelssohn, repudiam a obediência estrita às leis rituais e ressaltam a compatibilildade do Judaísmo com os valores seculares liberais. Entre essas duas posições, o Judaísmo conservador defende um meio-termo: aceitação da Torá adaptada às condições modernas (Ibid., p. 23).
O povo judeu acredita descender da tribo de Canaã, no Oriente Médio e crê descender de Abraão, que se tornou pai de uma grande nação. Deus fez aliança com Abraão onde prometeu uma terra fértil. Sabe-se que as terras nunca tiveram um único dono, mesmo assim os judeus sentem-se ligados a essa promessa. A terra, então, se torna crucial para eles. Houve sucessivas alianças de Deus para com o povo, através de mediadores:
  1. Abraão: recebe de Deus ordem para ir à Terra Prometida;
  2. Os patriarcas Isaac e Jacó (este pai das 12 tribos de Israel);
  3. Moisés: aceitação da aliança com a Lei no monte Sinai;
  4. Davi: reinado como instrumento de mediação da vontade divina. (Cf. FONAPER, 2000a, p. 24).
Com Davi o rei é ungido passando a se chamar messias. Os reis despontam o povo e a esperança messiânica “voltou-se para um futuro rei que viria inaugurar o reino de Deus na terra”. Salomão ergue o primeiro templo, lugar de devoção, culto e peregrinação. Foi construído um segundo templo após o exílio da Babilônia, no século V a.C., que fora destruído em 70 d.C. pelos romanos (FONAPER, 2000a, p. 24).
Houve conflito de Deus com os que queriam seguir outros deuses. Os profetas, então, “falaram poderosamente em nome de Deus” (Yahweh). Para tanto era necessário ser santos. Na Tenach e em especial na Torah (lei) tem o significado de ser santo. Nela está incluso os mandamentos positivos e negativos. “Ao observá-los, os judeus estão dizendo ‘sim’ ao propósito de Deus de usar Israel para começar seu trabalho de reparação”. Trata-se da linguagem do amor, traçando o caminho de aceitação de Deus que escolheu Israel para a reconciliação dele com a comunidade (Ibid., p. 25).
Podem-se indicar duas ideias que fundamentam o Judaísmo: Um Deus transcendente que ama a criação e a dignidade humana configurada pela intuição moral gravada por obra divina nos corações. Deus propõe um contrato sagrado de respeito à vida e a promoção da justiça. Essas ideias são chamadas de monoteísmo ético. Os judeus, ao combinarem o monoteísmo ético com os antigos rituais, possuem um sentido de identidade. Os dez mandamentos são o código central para atender a vizinhos e suas famílias. O homem é para o Judaísmo capaz de fazer o bem ou mal, mas o bem se sobrepõe ao mal. O pacto de Deus com Abraão consiste numa vida na presença de Deus e a circuncisão, para isso os judeus terrão a terra de Canaã, a Terra Prometida (Ibid.).
Após a destruição do templo no primeiro século de nossa era e a expulsão da Terra Prometida, os judeus permaneceram na diáspora. No século XIX houve um movimento, chamado sionista, com o objetivo de reunificar os judeus a Jerusalém. Após a segunda guerra mundial viu-se a necessidade da restauração do Israel como Estado judeu. Ainda que tenha se realizado tal restauração, não há unificação em relação em relação às formas de realização do Judaísmo. Existem o Judaísmo ortodoxo, o conservador, o reformista e o liberal. Discute-se aí se a Torah deve ser seguida ao pé da letra ou seguir o espírito, se os verdadeiros judeus são os descendentes ou devem-se incluir outros (Ibid.). E ainda se mulheres devem assumir ou não funções rabínicas (VALLET, 2005, p. 29).

REFERÊNCIAS
FONAPER – Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso. Ensino religioso: capacitação para um novo milênio: O fenômeno religioso nas tradições religiosas de matriz oriental, Caderno 8, Caderno de Estudos Integrantes do Curso de Extensão – a distância – do Ensino Religioso,Brasília, [s/e], 2000a.
FONAPER – Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso. Ensino religioso: capacitação para um novo milênio: O fenômeno religioso nas tradições religiosas de matriz ocidental, Caderno 6, Caderno de Estudos Integrantes do Curso de Extensão – a distância – do Ensino Religioso,Brasília, [s/e], 2000b.

GAARDER, Jostein. HELLERN, Victor. NOTAKER, Henry. O livro das religiões, São Paulo, Companhia das letras, 2005.

KÜNG, Hans. Religiões do mundo: em busca de pontos comuns, Campinas, Versus editora, 2004.

MARTINELLI, Stefano. A religião na sociedade pós-moderna: entre secularização e dessecularização.

O ALCORÃO, Base de dados: http://www.livroesoterico.com.br, Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.do>, acesso em: 01 ago 2012.

O QUE É BUDISMO, Templo Zu Lai e BLIA – Associação Internacional Luz de Buda, 2006.

SMITH, Huston. As religiões do mundo: Nossas grandes tradições de sabedoria, São Paulo, Cultrix, 2007.


VALLET, Odon. Uma outra história das religiões. São Paulo, Globo, 2002.


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