sábado, 23 de fevereiro de 2013

Taoismo

No Taoismo o Tao é o caminho e a fonte para a garantia de tudo neste ou em qualquer mundo. O Tao, então, é o “não produzido Produtor de tudo o que existe - a fonte de todas as coisas”. Vive-se de acordo com o Tao quando não se luta contra a maré. Já o Te consiste no poder de fazer com que o Tao realize em todas as coisas. Nas palavras do taoista Liu Ling vê-se uma resposta para se compreender o Taoismo: “Adotei o universo inteiro como minha casa e meu próprio quarto como minha roupa”. Neste sentido a virtude consiste na não-ação ativa (wuwei). O wuwei é quando “o Tao invariavelmente nada faz, e ainda assim nada deixa de ser feito” (FONAPER, 2000a, p. 16).
Considera-se que Lao-tsé, ou Lao Tzu tenha escrito o escrito da sabedoria chamado Daode Jing (Tao Te Ching: Livro do Caminho e seu Poder). Na verdade não se tem certeza da existência de Lao-tsé, mas o livro Tao Te Ching é considerado clássico do caminho da virtude. Nele é que se ensina:

Tao: “caminho” é aqui entendido em sentido amplo, como o princípio primeiro e último, indefinível, inominável e indescritível. Não, não é uma divindade pessoal, mas sim a razão básica do mundo inteiro, preexiste ao céu e à terra. Mão de todas as coisas e, mesmo sem agir, ele faz com que tudo surja tranqüilamente. Por isso Tao é, ao mesmo tempo, Te: “força” (“também virtude”). Te atua como força do Tao em todo produzir e evoluir e na conservação do mundo; ele se encontra em todos os fenômenos, fazendo-os ser o que são. Contudo, o Tao e sua força não podem ser apreendidos em lugar algum, não podemos dispor dele. É “vazio”, sem qualidades que possam ser percebidas pelos sentidos. E só quando o homem se encontrar também no estado de “esvaziamento” (wu), libertado da paixão e dos desejos, só quando ele acolhe a ordem cósmica, o Tao, como a lei de sua vida e de se deixa preencher pelo Tao, só então é que, no agir ou não-agir (wu-wei) desinteressado, ele imita o silencioso agir da natureza. Nesse momento ele está em harmonia com a natureza, ou mesmo pode alcançar a unidade com o Tao (KÜNG, 2004, p. 125).

Daí é que vem o tai chi como atividades físicas suaves, fluidas e lentas para o domínio da consciência, respiração e movimento. O objetivo é superar as tensões do corpo e os “bloqueios nos meridianos de energia”. A unidade homem-natureza é realizada pelo indivíduo na solidão, ou em “místico aprofundamento: pelo silêncio passivo e persistente, precisamente aquele não-agir ou não intervir (wu-wei), e justamente assim buscar a harmonia com a Grande Natureza, com o Tao, que é a harmonia perfeita” (KÜNG, 2004, p. 125-26).

O Taoismo é um movimento religioso. Nele foram inclusos elementos das antigas religiões chinesas, mas que chegou-se a uma imensa obra escrita. Esta obra são “experiências divinas aos Taoístas em estado de transe, sem que seja informado o autor, nem o momento da redação”. Estas obras estão reunidas no daozang. Esse se compõe de 1120 volumes. Eles versam sobre os cultos de purificação (exercícios de ioga, dietética, ginástica, procura de elixires), e sobre o prolongamento da vida. O Taoismo tornou-se religião da imortalidade e por isso muito popular. Com a morte o taoista sega para um dos paraísos ou para a ilha das bem-aventuranças. (Ibid., p. 126).

Tanto o Taoismo quanto o Confucionismo nascem na China por volta do século IV a.C. O início do Taoismo está associado ao nome de Lao Tzu, a quem é atribuída a criação do Tao Te Ching. Verifica-se a existência de três linhagens do Taoismo: o filosófico, o ióguico e vitalista e o popular e religioso. Suas preocupações eram com mais com o sobrenatural, diferente do confucionismo ligados à moral e à sociedade (FONAPER, 2000a, p. 16).

O pensamento yin-yang referem-se à ideia de que tudo no mundo possui dois lados. Um lado norte, sombrio, frio, escuro, femenino (yin) e o lado sul, ensolarado, quente, claro, masculino (yang). Há uma tensão claro-escuro, ativo-passivo, criativo-receptivo, duro-mole, masculino-feminino e ao mesmo tempo ambos possuem em si o germe de seu contrário. O yin e o yang no taoismo “pode ser cultivado, sobretudo na vida privada, sendo em larga escala determinante para a vida interior e espiritual do indivíduo e dos diferentes grupos. Ele é mais a religião do povo, mas, em tempos de caos e de divisão política, oferece também aos instruídos uma espécie de consolo filosófico” (KÜNG, 2004, p. 130). Pode-se comparar o yin-yang a céu e terra em que procedem da última realidade no Taoismo, o grande último (taiji) (Ibid.).

O princípio para a vida prática para o Taoismo é wei wu wei, isto é ação da não-ação, renúncia criativa. Não significa ser passivo, mas estar alerto contra a agressividade para se chegar a uma “atividade desprovida de ação” (FONAPER, 2000a, p. 17). Para se conseguir a saúde do corpo humano, o Taoismo compreende o corpo como um todo. A doença é vista como uma “perturbação do equilíbrio global das forças no organismo humano, como conseqüência da desarmonia e da desigualdade. (…) O homem está inserido em um sistema universal de relações, correspondências e fluxos de energia” (KÜNG, 2004, p. 123). Isto explica o fato de se buscar a quietude, a não-ação para a realização de um equilíbrio micro e macrocósmico, uma harmonia em todos os aspectos da vida. No yin e yang há complementariedade desta relação, na medida em que permanecem como um todo e ao mesmo tempo são opostos.

REFERÊNCIAS

FONAPER – Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso. Ensino religioso: capacitação para um novo milênio: O fenômeno religioso nas tradições religiosas de matriz oriental, Caderno 8, Caderno de Estudos Integrantes do Curso de Extensão – a distância – do Ensino Religioso,Brasília, [s/e], 2000a.

FONAPER – Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso. Ensino religioso: capacitação para um novo milênio: O fenômeno religioso nas tradições religiosas de matriz ocidental, Caderno 6, Caderno de Estudos Integrantes do Curso de Extensão – a distância – do Ensino Religioso,Brasília, [s/e], 2000b.
 

GAARDER, Jostein. HELLERN, Victor. NOTAKER, Henry. O livro das religiões, São Paulo, Companhia das letras, 2005.

KÜNG, Hans. Religiões do mundo: em busca de pontos comuns, Campinas, Versus editora, 2004.

MARTINELLI, Stefano. A religião na sociedade pós-moderna: entre secularização e dessecularização.

O ALCORÃO, Base de dados: http://www.livroesoterico.com.br, Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.do>, acesso em: 01 ago 2012.

O QUE É BUDISMO, Templo Zu Lai e BLIA – Associação Internacional Luz de Buda, 2006.

SMITH, Huston. As religiões do mundo: Nossas grandes tradições de sabedoria, São Paulo, Cultrix, 2007.

VALLET, Odon. Uma outra história das religiões. São Paulo, Globo, 2002.

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