segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Política, violência e drogas no contexto religioso do Brasil



Me. Manoel Gomes Rabelo Filho


A violência no Brasil
A violência no Brasil tem demandado ações repressivas e preventivas do poder público, ao qual se dá ênfase nas ações repressivas, fato que muitas vezes fortalece o comportamento desviante. A maior parte da violência ocorrida vitimam jovens entre 18 e 29 anos e nesta mesma faixa etária é também de onde parte a maioria das agressões.
Os motivos que envolvem os jovens em ações violentas estão relacionados a fatores como a baixa autoestima; inadequações em espaços de convivência; abusos físicos, sexual e psicológico; constrangimentos pela condição socioeconômica, de gênero ou raça. Além disso, existem as dificuldades normais da idade do jovem com relação ao seu meio; problemas na vinculação familiar, comunitária ou escolar; a construção da autoimagem; influências de amigos e as inter-relações do seu grupo com a sociedade. Somando-se a isso a fragilização das instituições tradicionais, as manifestações da personalidade antissocial e a experimentação exploratória do mundo focando uma afirmação da liberdade.1
É claro que existem alguns exageros relacionados às interpretações acerca da associação entre o jovem e a violência. No caso dos adolescente, há valorização, focadas pela mídia, de sua presença como autores de crimes violentos. Esta exposição cria na sociedade repulsa e repreensão. Além disso há alguns mitos na América Latina que afirmam ser os jovens e adolescentes pobres, desordeiros, considerados suspeitos em potencial tanto na política quanto no contexto escolar. Somados a isso existem as complicações referentes à idade da adolescência como rejeições de casa, fora e na escola, o desemprego, o alcoolismo e a violência doméstica. Esses fatos fazem com que os adolescentes sejam estigmatizados, criminalizados gerando efeitos perversos, como a exclusão severa que os tornam vulneráveis ao delito e presas fáceis de bandos, com o consequente fortalecimento de políticas severas de repressão, neste sentido.2
Em relação à mortalidade, no Brasil são vitimados jovens do sexo masculino entre 15 e 29 anos, pobres, não brancos, com pouca escolaridade e que vivem em áreas carentes. Já as vítimas de violência não letais estão os jovens de 19 a 29 anos que sofrem lesões corporais dolosas e tentativas de homicídios na maioria. Os jovens de 25 a 29 anos são vítimas de furtos a transeuntes e roubo de veículos. Já os adolescentes de 12 a 17 anos são maioria vítimas de estupro e de atentado violento ao pudor.
Em relação aos responsáveis pela violência estão os jovens de 18 a 29 anos que estão em grandes cidades e que usam de uma sofisticação da violência pela disseminação do porte de arma de fogo e pela generalização de uma cultura da violência. Os fatores disso são as contradições sociais que supervalorizam o consumismo exacerbado, as desigualdades sociais e o mercado de trabalho. Com o aumento da violência delitual, diminui a idade dos seus autores. Para entender porque isto ocorre não se pode analisar somente o recrutamento para atividades criminosas, as facilidades para obter arma de fogo no país, o processo de educação e formação, a banalização da violência e a dinâmica das desigualdades e exclusão social. É necessário também incluir na análise dos envolvimentos em violências (como autores ou vítimas) outros fatores como as perspectivas de ganhar dinheiro fácil e rápido com pequenos e grandes delitos, o reconhecimento ao causar medo e insegurança aos outros e ao ostentarem armas de fogo, a afirmação de uma nova identidade. Além disso as brigas e ameaças são usadas como instrumento de resolução de conflitos e disputas pessoais.3

A violência no contexto religioso brasileiro
Em relação à uma espécie de adaptação desta realidade brasileira ao contexto religioso podemos tirar algumas conclusões importantes. Em geral a violência neste âmbito ocorre devido à diversas formas de intolerâncias.
No contexto mundial, por causa da intolerâncias religiosa, muitas guerras foram deflagradas, pessoas mortas e outras violações do direito à religião. Pode-se definir a intolerância religiosa como um desrespeito às crenças religiosas dos outros, seja por falta de conhecimento, seja por imaginar que a religião do outro seria uma ameaça à sua. Essas formas de intolerância podem aparecer como perseguição religiosa, desqualificação do outro ou agressão física. Historicamente a intolerância religiosa acontece devido à discriminação com relação aos adeptos de uma religião, por não pertencer a uma religião ou por não pertencer à nenhuma religião. No I século da nossa era os cristãos eram discriminados por judeus e pagãos, mas depois ocorreu o inverso, foram criadas muitas formas de acabar com as heresias e com isto os cristãos passaram a perseguir os não cristãos e as mulheres, sendo estas consideradas como bruxas. No holocausto, os judeus, os ciganos, os homossexuais e os deficientes físicos eram perseguidos e mortos pela justificativa do ideário ariano de Adolf Hitler apoiado em algumas ideias religiosas.4
No contexto brasileiro, muitas dessas ideias cristãs foram usadas como justificativas para a escravização dos povos africanos. No imaginário cristão, negro, herege e pagão não tinham alma, não eram considerados filhos de Deus e poderiam ser tratados apenas como coisa. A intolerância e o racismo, fundamentados na fé e por ser de outro grupo étnico, eram justificadores também da violência. Até a década de 1960 as religiões Afro-brasileiras eram perseguidas pela polícia no Brasil. Há caso de evangélicos e neopentecostais que são hostilizados por sua forma de vestir, por darem o dízimo e por professarem publicamente a sua fé. Existem diversos programas de TV que satirizam e discriminam estes cristãos.5
Neste entendimento verifica-se que é a intolerância a grande causadora dos processos violentos no contexto religioso do Brasil, seja ela advinda da dificuldade de aceitação das diferenças étnicas, seja da falta de compreensão em relação às religiosidades diferentes ou ainda à pessoa que não possui religião. Citamos alguns casos de intolerância:
  • Em 1995, o Bispo Sergio von Helder, da Igreja Universal o Reino de Deus (IURD), desferiu chutes a uma santa católica;
  • Depois disto diversos templos da IURD foram atacados por católicos e a rede Record foi perseguida com o pedido de cassação por parlamentares católicos;
  • Um homem foi preso em 2004 ao jogar uma imagem de Nossa Senhora no chão, de dentro de uma catedral em São Paulo. O homem se dizia evangélico e tinha uma camisa com a frase “Exército de Jesus”.
  • A Jovem Larissa Rafaela Condo de Lima, 15 anos, se suicida ao tomar uma substância venenosa depois de apanhar do pai evangélico para que seguisse as regras da igreja.
  • Na posse dos deputados estaduais no estado do Piauí em 2010 foi convidado apenas representante da igreja católica e os pastores evangélicos foram esquecidos. (A lei 5112 referenda que ao participarem autoridades eclesiásticas deve haver a presença de no mínimo dois credos religiosos).6
A intolerância caminha pelas dificuldades de aceitação do outro, do diferente. Diante da não aceitação da prática religiosa, as reações são de violência física, escrita ou verbal com a finalidade de combater, avançar sobre a religião do outro com garras, como se suas manifestações religiosas fossem o caminho do mal. Muitas vezes o discurso religioso cristão se torna tão exclusivista que demoniza as outras religiões. Até mesmo dentro do próprio cristianismo as diversas denominações religiosas negam-se entre si, se autodenominando como verdades absolutas, com doutrinas tão imperiosas que não poderia ser mais implacável que o Deus mais impiedoso.
Estas verdades são tão fixas que passam a esquecer a verdade bíblica maior do cristianismo que é o amor ao próximo, o respeito ao estrangeiro, à mulher e aos pagãos. São também formas de violência o confronto verbal ou escrito que diminuem o outro, em especial àqueles que negam chance de defesa.

Para além da não-violência na intolerância religiosa
Fica fácil descobrir nos textos bíblicos passagens que contradizem a violência em decorrência da intolerância religiosa. O Novo Testamento está cheio de testemunhos do amor de Deus para com os seus filhos, o amor de Jesus Cristo para com os seus discípulos e não só com eles, mas também para com pessoas totalmente desconhecidas como a viúva, o estrangeiro, o cego, o aleijado. Ao mesmo tempo em que pode-se observar qual leitura dos textos bíblicos foram feitas para se chegar ao respeito ao outro no nosso contexto social, “a leitura latino-americana dos textos bíblicos transformou, diversas vezes, aquilo que era intolerância como sendo reação dos oprimidos ou reação a uma divindade opressora. Isso significa que a divindade era porta-voz de um projeto político.”7
A tolerância requer uma associação, uma convivência com aquele que é diferente. Jesus não se limitou a ajudar os seus semelhantes, mas foi além, aceitando tanto os judeus quanto os estrangeiros. Portanto, tolerar fortalece a convivência com as diferenças e nos faz aceitar o diferente. O que pode unir as pessoas não é somente o que há de comum entre elas, mas também o que se pode aprender com as respectivas diferenças.
Houve um projeto político, junto com o sistema religioso, dos colonizadores portugueses e espanhóis na América Latina. Certamente não era uma religiosidade pura, mas era “detentora de valores culturais e políticos e uma visão de sociedade”.8
Na realidade, existe o desejo de se criar uma sociedade segundo os valores que se pensa como corretos. Na Guerra entre Estados Unidos e Iraque “o cristianismo, encarnado na cultura americana, foi visto por alguns grupos islamistas como promotor de valores maléficos. Por outro lado, os americanos se referiram aos islamistas, principalmente da base fundamentalista, em especial o Irã e o Iraque, como participantes do 'eixo do mal'”.9
No Brasil colonial o confronto entre católicos e protestantes entre os séculos XVI-XVII, dá conta de que os protestantes eram considerados como hereges, cismáticos e excomungados. Havia um combate constate do Estado Colonial Português e da estrutura hierárquica da Igreja Católica às outras denominações cristãs. No século XVIII houve o fechamento da colônia para os não- portugueses, em especial os advindos das regiões da Europa onde haviam protestantes, mas é em especial com a expulsão dos jesuítas em 1759 que a concepção filosófico-teológica de considerar outros grupos religiosos, diferentes do catolicismo como infiéis, se modifica. No século XIX o quadro da intolerância religiosa não se modifica muito e, com a chegada da República, surgem as ideias iluministas de liberdades e junto a esta, a liberdade de culto ao qual era defendida como liberdade de consciência. Os protestantes eram vistos como um corpo estranho, isto é, como ministros do erro. É neste período, e com ideias advindas do século XVIII, que o protestantismo encontra condições políticas favoráveis para sua permanência no império e no início da República. Nos anos 30 do século XX a Igreja Católica tenta uma reaproximação com o Estado e os principais alvos a combater eram o protestantismo, o espiritismo e a maçonaria. A Igreja Católica cria o Secretariado Nacional para a defesa da fé (SNDF) e mantém uma relação conflituosa com as outras manifestações religiosas.10 Com relação a produção de documentos referentes a esta época não havia uma preocupação acadêmica, a preocupação era de defender a sua denominação religiosa, tanto do protestantismo quanto do catolicismo.11
Este pequeno esboço histórico dá a ideia dos embates entre o catolicismo e o protestantismo no Brasil tanto para que o catolicismo continuasse com o poder, fato que não ocorreu devido às constantes crises ocorridas entre o estado e a igreja nos períodos a partir do século XVIII. Já o protestantismo, com o advento das liberdades religiosas, ganha mais espaço, ao que o catolicismo reagiu duramente.12 Estes focos de intolerância religiosa não deslancharam para uma violência física, pelo menos a nível institucional. Pretendia-se desqualificar, agredir de forma escrita, negando seus direitos às liberdades.
Tem-se que se considerar os diversos casos existentes de protestantes que teriam sido atacados por grupos de católicos ou impedidos de realizar seus cultos:
  • José Manuel da Silva Vianna, membro da Igreja Evangélica em Pernambuco, foi interrompido pelo subdelegado de polícia e com palavrões mandou encerrar a reunião que ocorria em Recife, em março de 1873. Mesmo com apelos às autoridades sobre a ilegalidade de proibir o culto, passaram alguns meses sem ser permitidas as reuniões;
  • No dia 19 de outubro de 1873 na cidade do Recife, ao celebrar um casamento o Pastor Kalley informa que o subdelegado, tendo sido avisado da reunião, acusou de pecado por ter realizado não um casamento, mas um ato de prostituição. Ele não sabia, ou não quis saber ou acreditar que o Império autoriza casamento acatólico. Saíram e na praça seguidos por uma multidão de pessoas que gritavam fazendo gestos ameaçadores, foram lançados tijolos, pedras e lama, e um grupo de cerca de 500 pessoas faziam zombaria assobiavam e atiravam pedras, terra etc.13

Drogas e a religião
As drogas com substâncias psicotrópicas são utilizadas no contexto religioso desde a antiguidade. Os Maias usavam uma espécie de contas dos colares do sacerdote, fabricados com cogumelo, em que os jovens engoliam em uma cerimônia litúrgica e entravam em transe. Nestes casos as drogas são usadas como forma de aperfeiçoar a espiritualidade.
O Santo Daime, religião de cunho cristão fundada na década de 1960, usa um chá alucinógeno durante suas cerimônias. Este chá, denominado Ayahuasca, é feito a partir da mistura de um cipó chamado jagube e da folha rainha, ambos plantas nativas da Amazônia. No contexto religioso do Santo Daime não se verifica nenhuma alteração no comportamento dos participantes do ritual, fato confirmado por Antropólogos, o Ministério da Justiça, a Polícia Federal e o Exército do Brasil ao averiguar o fenômeno em 1982.14
A Igreja Americana Nativa usa em seu cerimonial um cacto enteógeno chamado Peyote, a qual foi organizada em 1880 em Oklahoma (EUA) e possui elementos do cristianismo e dos nativos norte- americanos.15
Em diversas formas de xamanismo o tabaco é usado em cerimônias. Nos rituais de pajelança de muitos povos indígenas da América do Sul os pajés o utilizam como um dos elementos para entrar em transe. Entre os Macuxi, o Piasan (Pajé) usa o tabaco com a função de defumar contra os maus espíritos e para fazer o xamã ter visões. Pode ser usado o tabaco misturado com a casca da árvore casca-preciosa para o fumo, ou ainda podendo ser preparada uma bebida juntos.16
Tradicionalmente, ao longo da história os xamãs usam substâncias psicotrópicas para alterar seus estados de consciência com os objetivos de premonição, entrar em contato com as forças espirituais e para obter manifestação do mundo espiritual. A ideia é de que supostamente houvesse poderes curativos dessas plantas sagradas, muito mais do ponto de vista místico do que químico.17

Referências

CASTRO, Jorge Abrahão de. AQUINO, Luseni Maria C. de. ANDRADE, Carla Coelho de. Juventude e políticas sociais no Brasil, Brasília: Ipea, 2009.
DROGAS e religião: essa mistura é justificável? Disponível em: <http://blog.maisestudo.com.br/drogas-e-religiao>, Acesso em 10 ago 2014.
EVERY-CLAYTON. Joyce Elizabeth Winifred. A inserção do protestantismo no nordeste. In: VASCONCELOS, Sylvana Maria Brandão de (Org.). História das religiões no Brasil. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2001. [v. 5 – cap. 13].
FERREIRA, Helder, et. all. Juventude e políticas de segurança pública no Brasil. In: CASTRO, Jorge Abrahão de. AQUINO, Luseni Maria C. de. ANDRADE, Carla Coelho de. Juventude e políticas sociais no Brasil, Brasília: Ipea, 2009.
GUALBERTO, Marcio Alexandre M. Mapa da intolerância religiosa: 2011. Violação do direito ao culto no Brasil. Multiplike, Tecnologia, Informação e comunicação, 2011.
SANTOS, Marcel de Lima. Xamanismo: a palavra que cura. São Paulo: Paulinas, 2007.
SILVA, Clemildo Anacleto da. RIBEIRO, Mario Bueno. Intolerância religiosa e direitos humanos. Porto Alegre: Sulina; Editora Universitária Metodista, 2007.
VASCONCELOS, Sylvana Maria Brandão de (Org.). História das religiões no Brasil. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2001. v. 5.
1FERREIRA, Helder, et. all. Juventude e políticas de segurança pública no Brasil. In: CASTRO, Jorge Abrahão de. AQUINO, Luseni Maria C. de. ANDRADE, Carla Coelho de. Juventude e políticas sociais no Brasil, Brasília: Ipea, 2009, p. 194 ss.
2Idem.
3Idem.
4GUALBERTO, Marcio Alexandre M. Mapa da intolerância religiosa: 2011. Violação do direito ao culto no Brasil. Multiplike, Tecnologia, Informação e comunicação, 2011.
5Idem.
6GUALBERTO, Marcio Alexandre M. Mapa da intolerância religiosa: 2011. Violação do direito ao culto no Brasil. Multiplike, Tecnologia, Informação e comunicação, 2011.
7SILVA, Clemildo Anacleto da. RIBEIRO, Mario Bueno. Intolerância religiosa e direitos humanos. Porto Alegre: Sulina; Editora Universitária Metodista, 2007, p. 9.
8Idem.
9Idem, p. 10.
10Idem, p. 73.
11Idem, p. 74. Há uma lista de obras em que o autor cita e informa serem polêmicas e outra de obras de cunho acadêmico, tanto do lado protestante quanto do católico.
12Idem, p. 76.
13EVERY-CLAYTON. Joyce Elizabeth Winifred. A inserção do protestantismo no nordeste. In: VASCONCELOS, Sylvana Maria Brandão de (Org.). História das religiões no Brasil. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2001. [v. 5 – cap. 13], p. 443, passim.
14Drogas e religião: essa mistura é justificável? Disponível em: <http://blog.maisestudo.com.br/drogas-e-religiao>, Acesso em 10 ago 2014.
15Ibidem.
16DINIZ, Edson. Xamanismo Macuxi. In: Jounal de la Société des Americanistes. Tome 60, 1971. pp. 65-73.
17SANTOS, Marcel de Lima. Xamanismo: a palavra que cura. São Paulo: Paulinas, 2007.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Mestrado - UFRR

A Universidade Federal de Roraima (UFRR) por meio do Núcleo de Estudos Comparados da Amazônia e do Caribe (Necar) e do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional da Amazônia (PPG-DRA) divulga o edital de seleção para o curso de Mestrado em Desenvolvimento Regional da Amazônia. As inscrições iniciam dia 6 de outubro e encerram no dia 31 de novembro de 2014.
Mais detalhes:
http://ufrr.br/ppgdra/index.php/291-necar-ppg-dra-divulga-edital-para-selecao-de-mestrado-2014